“Odeio ficar velha”

Como está sendo envelhecer pra você?

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Essa fala é da Luciana Gimenez, essa mulher linda, que com 53 anos, em uma entrevista à revista Máxima, declarou que desde os 31 anos ela se sente pressionada por envelhecer, principalmente pelo preconceito que ronda às mulheres à partir dos 40 anos de idade.

Isso me fez refletir, o quanto o auto-preconceito faz parte das nossas vidas, seja pela idade, pela aparência, pelo status, por ter casado ou não, por ter filhos ou não, enfim, podemos pensar sobre esse comportamento de punição à nós mesmas em todos os setores da nossa vida. Resta saber o quanto isso vem realmente de dentro da gente e o quanto o meio, a sociedade, a mídia, tem de participação nessa cobrança absurda em mantermos um padrão aceitável. Aceitável pra quem mesmo?

Desde novinha, meus cabelos tinham várias características que me tiravam do padrão, eram muito volumosos, numa textura que não era lisa, nem crespa, nem ondulada, naquela época, as cabeleireiras não tinham muito conhecimento em técnicas de cortes, também não haviam procedimentos que ajudassem a resolver o problema, ou alisava ou fazia permanente. Pra ajudar, meu cabelo era seco, então qualquer procedimento desencadeava um outro problema: a aspereza no toque.

Com 18 anos eu já tinha alguns fios de cabelos brancos e isso me angustiava demasiadamente. Envelhecer só trouxe mais um problema ao rol de coisas que eu precisava fazer para cuidar dos cabelos, pintar a cada 15 dias, enquanto minhas amigas, loiras, com cabelos lisos, só tinham a preocupação de lavar e deixar secar ao vento. Que inveja!

Aos 36 anos eu decidi deixar os grisalhos virem, como uma forma de poder reconhecer a minha imagem no espelho, uma vez que eu realmente não tinha idéia de qual era a minha real aparência. Eu fiz isso por conta da gestação da minha Malu, pra preservar ela de mais essa química no meu organismo.

Para a minha surpresa, um cabelo brilhoso, macio, saudável se instalou no lugar daquele cabelo danificado por tantos e tantos procedimentos que eu realmente nunca quis fazer, mas me obrigava para caber num padrão que foi desenhado sei lá por quem e aparecia no comercial da novela das 9, onde a mensagem era de que precisávamos cultivar a eterna juventude para sermos mulheres lindas e bem sucedidas.

Quem não se lembra da Mãe Lucinda do lixão, interpretada por Vera Holtz na novela Avenida Brasil? Seguida por um comercial da Pantene, por exemplo, logo no intervalo, com aquelas modelos com seus cabelos lisos, castanhos brilhantes e milimétricamente alinhados? Esse padrão vem sendo repetido até hoje.

Sobre envelhecer… Que dádiva!

Eu não troco a Daniela de 43 pela Daniela de 18, eu não troco todas as marcas que a vida me trouxe, incluindo os cabelos grisalhos, por um padrão de beleza inalcançável que aprisiona e faz até vítimas fatais em busca do corpo perfeito.

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